
FINADOS NA UMBANDA
Visão

Para a Umbanda a morte do corpo físico não é o fim da vida. Entende-se apenas como o fim de um ciclo, ou seja, da passagem encarnatória.
Após o ato da morte física do ser encarnado, este será encaminhado para uma esfera espiritual condizente com seus atos e vibração emocional acumuladas durante a passagem no corpo físico.
Aqui no plano físico, estamos numa esfera neutra ou mista, onde tudo se encontra, sem distinção.
Já no plano astral, os seres vivem em realidades dimensionais pertinentes às suas condições emocionais e vibracionais. Logo, se o ser vibrar ódio, um lugar com seres odiosos será sua morada.
Se vibrar o amor, sua morada será um lugar agradável. Nós somos aquilo que criamos ao nosso redor e a realidade que desenvolvemos é a que levamos além do pós morte. Então, nada se acabará com o fim da vida física,quando o corpo perece este é o fim de uma etapa e o início de outra. Morremos para o mundo físico e renascemos para o mundo espiritual.
Assim, o contrário acontece quando reencarnamos: "morremos"para a vida no plano etérico e nascemos para o plano físico.
Nós umbandistas, devemos nos preocupar com o que criamos na nossa vida, pois já podemos desconfiar do resultado no desencarne.
A Umbanda não crê em ressureição, como não crê em um Salvador ou Messias resgatador de seu rebanho,uma vez que ela prega a transcendência que cada ser deve alcançar.
Ninguém fará nada por ninguém, cada qual com seu quinhão. No entanto, a crença no reencarne é a explicação do resgate dos débitos e aprendizado constante do ser.
Qual a visão da Umbanda sobre essa data e como o umbandista se relaciona com os desencarnados queridos que em vida nos acompanharam, nos auxiliaram ou tiveram um contato grande conosco?
Em toda religião há rituais e formas de nos conectarmos aos familiares desencarnados, espíritos amigos e irmãos de caminhada que já passaram pela carne. No catolicismo o dia de finados é a grande homenagem aos desencarnados, principalmente familiares e amigos. Dia de acender vela no cruzeiro, participar de missas e homenageá-los por todo carinho em vida. E na Umbanda?
O dia de Finados não é um dia criado pelo umbandista ou algum rito de homenagem na religião, não é um fundamento de Umbanda, no entanto, muitos dirigentes aproveitam esta data cristã para realizar giras com regência de Omolu e Obaluayê, assim como fazer giras de pretos-velhos ou baianos.
O umbandista não tem seus ritos de homenagem e pedidos de ajuda ou agradecimentos aos desencarnados familiares? Sim! Temos o nosso culto às Almas.
Se no Candomblé existe o culto de Egungun, onde se relaciona com os desencarnados, na Umbanda temos cultos ou giras que podem ser de direita ou esquerda. Na direita duas linhas trabalham muito com desencarnados: Baianos e Pretos Velhos. Na esquerda: Exus e Pombagiras do Cruzeiro ou das Almas.
Nestas giras há encaminhamentos, cura e fortalecimento de desencarnados. Muito importante para o fortalecimento no nosso tronco genealógico espiritual, nossa família espiritual, nossa ancestralidade.
No dia de finados, é fundamental que o umbandista, ao realizar o culto ao Divino Orixá Pai Omulu, vibre seus pensamentos nos antepassados, seus parentes desencarnados, solicitando ao Pai Omulu que ilumine a todos, pois se algum antepassado estiver precisando de ajuda por estar perdido nas suas questões emocionais e ainda não ter alcançado a luz, pode ser oportuno de acontecer este resgate, e, aquele que já esteja em situações privilegiadas, então se sentirá gratificado pelas vibrações, além de ser o momento de demonstrar gratidão aos antepassados que promoveram a sua passagem presente.
O culto ao Orixá Omulu é o momento de exaltação da Divindade e o que mesmo representa, pois como entendemos que ele é a Divindade do "fim", logo ele não está presente apenas na tão temida morte física, gerando uma imagem temerosa em relação a esse Orixá. Sua vibração se faz presente centenas de vezes durante nossa Vida, por exemplo, o fim de um relacionamento amoroso é o rompimento de cordões emocionais e o fim de um ciclo de convivência entre duas pessoas.
Neste momento de finalização lá está presente a vibração desse Orixá para encaminhar os envolvidos em seus caminhos individuais, também posso citar a mudança de emprego, de moradia, fim de amizade, etc.
Sempre em situações, principalmente de rompimentos ou encerramentos de ciclos, é esta a vibração divina que se faz presente na Vida dos envolvidos. Mesmo ficando a cargo de cada um a colheita necessária após o desencarne, a Umbanda tem na Cerimônia Fúnebre a preocupação de garantir que o espírito desencarnado fique a cargo da Lei Divina e não tenha problemas maiores com ataques de espíritos negativos.'
Você sabia que pode enviar energias de cura, esclarecimento, bençãos e agradecimentos aos desencarnados familiares? Vou lhes mostrar um ritual simples e seguro:
Vá até um cruzeiro das almas, pode ser da igreja, do cemitério ou do seu templo umbandista e acenda uma vela branca palito, colocando ao lado um pedaço de pão e um copo de água.
Agradeça por tudo o que passaram em vida, que possam continuar nos ajudando do lado de "lá" e que Pai Obaluayê os oriente, guie e direcionem.
Não são apenas guias espirituais que querem o nosso bem e nos amam. Espíritos familiares também nos ajudam muito, mas como esse é um assunto tabu na Umbanda, prefiro ficar por aqui e posteriormente realizar uma live sobre o culto à ancestralidade.
Esse ritual que ensinei é para ser feito nesses locais, caso seja permitido, e não deve ser feito em casa. Não porque é proibido, mas porque dificilmente um médium tem em sua casa um Cruzeiro das Almas bem fundamentado.
Axé