ORIXÁS

Nanã - Omulu - Ossain




Nanã

Dia: sábado
Data: 26 de Junho
Metal: Latão
Cores: Branco e azul (preto ou roxo)
Comidas: Aberém, mugunzá, mostarda e taioba 
Símbolos: Ibiri e bradjá 
Elementos: Águas paradas e lamacentas
Pedra: Ametista
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade.

Saudação: Salúba!

Origem e História

Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Oduduá separou a água parada, que já existia, e liberou do "saco da criação" a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã. Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. Seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos jeje, da região do antigo Daomé, significa "mãe". Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nanã é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja freqüentemente descrita como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral de nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.

Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.

Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra, pois Nanã é a História. Nanã é água parada, água da vida e da morte. Nanã é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida.

Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás (que deveriam ser de barro) que permite o nascimento dos deuses (no barro dos ibás) e dos homens.

Características dos filhos de Nanã

Os filhos de Nanã são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento de suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nanã parecem ter a eternidade à sua frente para acabar seus afazeres, gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade. Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.

As pessoas de Nanã podem ser teimosas e ranzinzas, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. Suas reações bem equilibradas e a pertinência de suas decisões as mantêm sempre no caminho da sabedoria e da justiça. Embora se atribua a Nanã um caráter implacável, seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.




Omulú

Dia: Segunda-feira
Data: 13 ou 16 de Agosto
Metal: Chumbo
Cores: Preto, branco e vermelho.
Símbolos: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.
Elementos: Terra e fogo do interior da Terra.
Pedra: Turmalina negra.
Domínios: Doenças epidêmicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
Saudação: Atotoó!!!

Origem e História

Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil desse orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso "Rei Dono da Terra". È preciso esclarecer, no entanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma intima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.

Omolú é o fogo que varre, que arrasta para a morte - como as lavas de um vulcão. Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus

As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas prediletas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranqüilo quando recebe sua oferenda preferida.

Como se pôde observar, até aqui temos utilizando os nomes Omolú e Obaluaiê indistintamente pra designar o grande orixá das doenças epidêmicas, e não há nada de errado nisso. Obaluaiê significa 'Rei dono da Terra' e Omolú,'Filho do senhor', resta saber que 'Senhor' é o pai de Omolú.

O capuz de palha-da-costa-azê (azé) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Humour explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.

A relação de Omolú com a morte se dá pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião de sua morte. Por isso é que se diz que Omolú mata e come gente.

Características dos filhos de Obaluaiê/Omolú Os filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram exibir seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum fim.

Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice.

Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planejaram. Não são do tipo que levam desaforo pra casa e se sentirem ofendidos respondem no ato, não importa a quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não possuem grandes ambições.

Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas; são lentos, exigentes e reclamões.

São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestativos e trabalhadores. São amigos de verdade.




Ossaim

Dia: Quinta-feira.
Data: 5 de outubro.
Metal: Estanho.
Cores: Verde e branco.
Símbolos: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).
Elementos: Floresta e plantam selvagens (terra).
Pedra: Esmeralda.
Domínios: Medicina e liturgia através das folhas.
Saudação: Ewé ó!

Origem e História

Sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam seu poder, sua força.

Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem sua presença, nenhuma cerimônia pode se realizar, pois ele detém o axé que desperta o poder do 'sangue' verde da folhas.

As folhas de Ossaim veiculam o axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do preto. As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é uma das forças mais poderosas, que traz em si o poder do que nasce e do que advém.

É preciso esclarecer que o sangue (ejé) é um elemento essencial no Candomblé. Três são os tipos de sangue: o vermelho, dos animais, do azeite-de-dendê, do mel; o preto (verde), do sumo das folhas, e o branco, do sêmen, do vinho de palma, da água.

As folhas constituem o fundamento inicial do Candomblé. Antes de passar por qualquer ritual, o neófito tomará o banho de ervas (amassi) que o purificará e será sua primeira consagração dentro do culto. É com o amassi que se lavam os colares, os objetos rituais do ibá, a cabeça, a alma e o corpo dos iniciados.

É sobre as folhas sagradas de ossaim que repousará o iaô em sua consagração ao orixá. É com as folhas que os animais consentem o sacrifício. Ossaim é, portanto, a primeira consagração no Candomblé: primeira e constante, pois a folha faz parte do dia-a-dia dos adeptos do Candomblé; Ossaim é imprescindível à religião, aos orixás e aos iniciados.

Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que conseqüências desastrosas não atinjam os seres humanos.

A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida.

Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folhas possui um só tronco.

Características dos filhos de Ossaim Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem que suas simpatias ou antipatias interfiram em suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e racionais em suas decisões.

São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem respeito. Participam de poucas atividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre sua vida, sobre seu passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva.

Pressa e ansiedade não fazem parte de suas características, pois são pessoas detalhistas e caprichosas no cumprimento de suas tarefas. Possuem gosto por atividades artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las.

Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade.


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